sábado, 15 de maio de 2010

CIA CARONA ESTRÉIA 'PASSARÓPOLIS' II


CARONA ENCENA COMÉDIA NA RUA 


BLUMENAU – “Passarópolis”, baseada na comédia grega As Aves, de Aristófanes, terá sua estréia no dia 22, na Praça do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. 
 
'Entre o céu e a terra, no espaço em que voam aves e nuvens, havia um reino que nem reino era porque não havia limites. Ali, no meio do ar, surgiu Passarópolis' 
O novo espetáculo da Cia Carona é uma comédia, encenada na área externa,“envolvendo” o Teatro Carlos Gomes.
A idéia de encenar uma comédia, após tantos espetáculos densos como “Os Camaradas”, “A Parte Doente”, “Renato, o Menino que Era Rato” e “Volúpia”, mescla desejo e desafio a perseguir os integrantes da companhia.
No último semestre de 2009, o tema de estudo na Carona Escola de Teatro foi o teatro grego. Além de inspirar os alunos, os próprios professores da Escola sentiram-se contagiados com as comédias do mestre Aristófanes (447 a.C.). Acabaram convencidos de que encenar uma de suas obras na rua poderia resultar numa pesquisa interessante. A idéia virou projeto. “Palavras Aladas – Um Vôo em As Aves, de Aristófanes” foi inscrito e premiado no Edital FUNARTE Artes Cênicas na Rua 2009. 

INÍCIO EM BUENOS AIRES

Além de custear boa parte da montagem, o projeto incluiu uma ida à capital argentina, em El Astrolabio Teatro, sede da Periplo, Compañia Teatral, onde durante 10 dias os dois grupos trabalharam num processo que serviu de pontapé inicial para a criação do espetáculo.
“Julgo ser de extrema importância iniciar um processo onde não se venha com as respostas prontas e seguir por um caminho onde não se sabe o que vai encontrar. Para iniciar um novo aprendizado, com qualidade, é preciso que o ator tenha a coragem de se entregar ao “vazio”, e isso ocorre com os atores da Cia Carona. Além disso, o atual estado de maturidade da Cia Carona colabora muito, pois seus integrantes estão predispostos a transpirar criação e a ouvir o outro, quer seja o colega de trabalho, a direção, a dramaturgia e todos os outros elementos que constituem uma grupalidade”, diz Diego Cazabat, diretor da Periplo Compañia Teatral.
Voltar a trabalhar com o grupo argentino foi um grande impulso para retomar a pesquisa sobre o ofício do ator e sobre elementos específicos da atuação voltada à  comédia.
Além deste encontro, o projeto também trouxe a Blumenau dois dos atores-pesquisadores do LUME Teatro, da Unicamp-SP. Jesser de Souza trabalhou em dois momentos com a Cia Carona sobre o tema “O Ator Cômico na Rua”. Trabalhos sobre a percepção corpórea de si e do outro agora incluíram novos elementos, como o passante, o movimento contínuo da rua, a concentração nesse ambiente de dispersão, entre outros.
"Participar do Projeto Passarópolis só fez crescer a admiração e o respeito que já  nutria pela Cia. Carona, por seu trabalho rigoroso, meticuloso e refinado; por sua coragem em levar aos palcos encenações com propostas ousadas e necessárias; pela reflexão crítica e sensível traduzidas artisticamente de forma poética e contundente em seus espetáculos e, acima de tudo pelos parceiros muito queridos de longa data, cujo trabalho acompanho com carinho e apreço”, diz Jesser de Souza, ator-pesquisador do LUME Teatro, da Unicamp-SP.

Já Carlos Simioni, também ator-pesquisador do LUME Teatro, da Unicamp-SP, trouxe seu conhecimento sobre técnica vocal num trabalho específico chamado “A Voz do Ator na Rua”.
“Tive uma grata surpresa neste trabalho com a Cia Carona. Encontrei atores bem preparados, sérios, e com muito respeito pelo trabalho e com seu fazer teatral”, diz o ator, fundador do Lume.
Para Pépe Sedrez, diretor da Cia Carona de Teatro, a oportunidade de voltar a encontrar-se com Lume e Periplo, as maiores referências na trajetória da Cia, por si só já são motivos de grande satisfação. “Não é fácil realizar encontros com profissionais tão reconhecidos no cenário teatral e com tamanha identificação com o trabalho da Carona.” Os encontros, para o diretor, não poderiam ter sido melhores. Passarópolis agradece.  

SOBRE A COMÉDIA GREGA

Aristóteles, em sua comédia, diz que enquanto a tragédia trata essencialmente de homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da ‘polis’).
Porém, a importância da comédia na Grécia antiga, residia justamente na possibilidade democrática de sátira a todo tipo de idéia, principalmente política e social. Em seu surgimento, ninguém estava a salvo das críticas da comédia: governantes, nobres e nem sequer os deuses.
Através dela, os poetas castigaram, rindo e fazendo rir, os aspectos mais condenáveis da sociedade ateniense.
 
Aristófanes sabia não só fazer rir mas também, com o seu lirismo, dar aos que o ouviam o sentido da riqueza infinita da vida humana. As Aves reflete a verdadeira imagem no espelho de uma Atenas submersa em conflitos de interesses, angústias quanto ao futuro e presa dos atos de oportunistas.  

ADAPTAÇÃO

Na opinião de Gregory Haertel, “trabalhar com a Cia Carona tem sido tentar criar, a partir de um coletivo, de uma família com idéias e vontades diferentes, uma única voz.” Em ‘Passarópolis’, ao se iniciar este processo, o que se ouvia com maior intensidade era o desejo pela comédia com uma incisiva crítica política.
“Somente a presença física nos ensaios e a proximidade com os integrantes da Cia Carona é que permite que este trabalho se dê assim, um interferindo no outro, porém sem que cada um tenha o seu espaço invadido”, acrescenta o dramaturgo. 
A adaptação propõe  a identificação do espectador com as aves através da incitação política questionando o quanto nós, espectadores, assim como as aves da peça, nos deixamos levar por promessas de uma felicidade que talvez nem nos faça falta e, pior, o quanto nos calamos diante de todos os ‘horrores’ e ‘maldades’ feitos em nome desta ‘felicidade’.  
Tanto no reino dos homens (o início da peça, que não existe no texto original), quanto no reino das aves, o que vemos são figuras que tentam ‘passar a perna’ umas nas outras em busca de vantagens, na maior parte das vezes, financeiras. 
Passarópolis, mais do que uma peça sobre um homem que ilude as aves e se torna rei entre elas, é sobre estas aves que, por se calarem, permitem que um homem reine sobre elas em seu próprio benefício. 
 

 SINOPSE

 Fugindo de seus credores, dois homens compram um pássaro que os levará ao reino das aves. A ordem que lá existia é tumultuada com a chegada dos dois, que sugerem mudanças radicais na estrutura daquele espaço. Em um mundo onde todos querem ter vantagens, a lábia é a melhor arma. Nem mesmo os deuses do Olimpo estarão a salvo das trapalhadas causadas pela ambição de homens e aves. 

SERVIÇO 

O QUE – comédia PASSARÓPOLIS, com Cia Carona de Teatro
QUANDO – 22 de maio de 2010
ONDE – Praça e em torno do Teatro Carlos Gomes
HORÁRIO – 20h
ENTRADA FRANCA 

FICHA TÉCNICA 

Direção - Pépe Sedrez
Texto - Gregory Haertel, baseado em As Aves, de Aristófanes
Atuação – Fábio Hostert, James Beck, Léo Kufner, Sabrina Marthendal e Sabrina Moura
Figurinos – Vanessa Neuber, Fábio Hostert e Enzo Monti
Costura – Ingedurg Ramers
Trilha Sonora – Ivan Pacheco
Cenografia – Léo Kufner, James Beck e Pepe Sedrez
Maquiagem – Fabio Hostert e Pepe Sedrez
Iluminação – Léo Kufner e Pepe Sedrez
Adereços – Enzo Monti, Sabrina Marthendal e Sabrina Moura
Arte Gráfica – Léo Kufner
Produção – Cia Carona de Teatro 

Patrocínio:

Funarte
Ministério da Cultura
Governo Federal – Brasil um país de todos 


Apoio:

Instituto Sérgio Magnani
Teatro Carlos Gomes
Splash Fitness
Fujiro Ecotextil
Zás Color
Mendez Cabelo e Cia
 

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