Importante notar a quantidade de estréias de espetáculos em Blumenau no primeiro semestre de 2010. Isso é resultado de uma série de características que norteiam os princípios éticos e organizativos dos grupos. É também, resultado da existência do Fundo Municipal de Cultura,negligenciado tanto por Petistas quanto por Democratas em suas respectivas administrações. Mas há muito sobre o que falar do teatro em Blumenau…
Muita gente nem sabe que existem mais de 14 grupos teatrais em nosso município, e todos eles produzindo e mostrando suas qualidades. Poderíamos dizer que em torno do teatro, trabalham mais de 200 profissionais, dedicados integral ou parcialmente. Outra informação pouco conhecida é que a Universidade Regional de Blumenau possui um curso de graduação em Artes Cênicas, coordenando um dos mais importantes festivais teatrais do Brasil, no segmento Universitário – OFITUB, Festival Internacional de Teatro de Blumenau, na sua 23ª edição.
O teatro em Blumenau segue a tendência catarinense de ser grupal. Como assim? Em espaços como o eixo Rio-São Paulo acontece com freqüência de um ator/atriz vender sua força de trabalho para projetos específicos, não se vinculando a um coletivo. Outra característica do caráter grupal do teatro catarinense, além da existência de um grupo/coletivo, é a estabilidade, com trabalhos seqüência, sempre reatroalimentado pelas tensões encontradas por cada grupo em sua empreitada. É dialógico, tenso, criativo (mas estranhamente pouco assistido).
Qual o grande barato disto tudo? É que a existência de um coletivo estável permite a continuidade dos trabalhos, o aprofundamento da pesquisa e a libertação criativa dos atores/atrizes. O grande mal disso é a dependência umbilical em relação ao poder público, seja municipal, estadual e federal. Como os trabalhos catarinenses, em sua maioria são trabalhos artísticos de pesquisa e experimentação, mostram-se dificilmente “financiáveis” pelos Departamentos de Marketing das grandes empresas, interessados em ampliar a produção de capital através do lucro simbólico agregado aos seus produtos.
Uma forte tendência que pode acontecer pelos próximos anos em Blumenau é a saída de artistas para “tentar a sorte” nos grandes centros. Quando a sociedade começa a perder segmentos de si própria é que esta, seja um município, uma região, está se tornando insustentável. A cerebral mão-de-obra acompanha os deslocamentos do Capital.
O segmento Teatro de Blumenau é um dos mais atuantes junto a esfera de produção de políticas públicas porque convive com o peso da desigualdade, seja das prioridades públicas ou dos recursos e financiamento. Para reforçar sua voz, os grupos que estavam organizados em torno da Temporada Blumenauense de Teatro criaram a Associação Blumenauense de Teatro, como força propulsora de diálogo, de aperfeiçoamento técnico e de intervenção política. Buscamos parceiros da sociedade para uma grande rede de colaboração às Artes e a Cultura em Blumenau, Santa Catarina e Brasil.
Entendemos que uma situação ideal está longínqua, até mesmo irrealizável. Mas empenho em trabalhar com os avanços, descobrindo quais são os avanços possíveis é fundamental.
Podemos citar, além do financiamento já tratado anteriormente, a falta de um espaço público para a distribuição da produção cênica local: é intolerável. É nesses avanços possíveis que são necessárias alianças entre os segmentos sociais contra o Estado Mínimo do Capital e da Anima.
Márcio Cubiak - www.respublicacultural.wordpress.com
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ALGUMA LEITURAS SOBRE TEATRO GRUPAL